Carta da Superiora Geral Anna Maria Parenzan
“Amanhã será um dia muito importante: é o quinquagésimo do primeiro encontro entre mim e a Primeira Mestra. Foi um dia de bênçãos”.Essas palavras foram pronunciadas por Pe. Alberione em junho de 1965, exatamente 50 anos depois do encontro na igreja de São Damião, que mudou a vida de Mestra Tecla e marcou sua vocação. Um encontro que fez soar a hora de Deus e que favoreceu a concretização daquela vocação que tinha muito de novidade (cf. AD 109-110).
O conteúdo do encontro chegou até nós mediante a relação de 1923, através da própria Teresa:
“Quando o Senhor Teólogo, na primeira vez que eu o vi, me falou da nova instituição de filhas que viveriam como irmãs e que por agora começavam a trabalhar em prol dos soldados, fiquei imediatamente entusiasmada”.
O encontro com Mestra Tecla torna mais explícito aquele “passo definitivo” da intuição alberioniana: “almas generosas teriam sentido aquilo que ele sentia”... “escritores, técnicos e propagandistas, mas religiosos e religiosas, [homens e mulheres...] para dar maior unidade, mais continuidade, mais sobrenaturalidade ao apostolado”(cf. AD 17-24).
Uma instituição que se estava desenvolvendo em sintonia com a reflexão sobre as potencialidades da mulher para a evangelização, já expressas pelo próprio Alberione no livro La donna associata allo zelo sacerdotale,um texto que assume um significado quase genético para a fundação feminina. Pe. Alberione dirá, em janeiro de 1938: “Desde 1910... vós, Filhas de São Paulo, fostes pensadas , desejadas, preparadas, nascidas, crescidas, até o dia de hoje”.
Mestra Tecla, verdadeira "mulher associada ao zelo sacerdotal”. Com a vocação de Mestra Tecla, a convicção do jovem Alberione de que a missão sacerdotal é parte da missão feminina, torna-se realidade.
No texto pré-fundacional, "A mulher associada" exaltava assim a presença da mulher ao lado do homem: “Ao lado dos grandes benfeitores da humanidade e dos grandes santos do cristianismo, encontrareis sempre uma doce figura de mulher e de santa, que quase lhes completam a obra. Ao lado de um São Bento, o grande patriarca do monaquismo ocidental, Santa Escolástica; ao lado de São Francisco de Assis... é santa Clara; ao lado dos Padres Dominicanos são as Dominicanas; ao lado de São Francisco de Sales, é Santa Joana Francisca de Chantal...” (DA,p. 67).
Poderíamos prolongar o elenco: ao lado do beato Alberione, Mestra Tecla, Madre Escolástica... Desde o início, Mestra Tecla desenvolveu um papel de mediação da graça carismática, com plena confiança no instrumento escolhido por Deus. Confiava nos primeiros tempos da fundação:
“Tenho muita confiança no Senhor, mas também no senhor Teólogo, porque sei que ele é enviado por Deus, e onde ele passa, também eu posso passar tranquila, sem medo de errar”. E no seu caso, trata-se de acompanhar um desenvolvimento que “parte do zero”.
Com ela, a comunidade cresce; se firma na consciência apostólica; se educa para o relacionamento com o Mestre Divino, se plasma com um estilo próprio, feito de simplicidade, sobrenaturalidade, desenvoltura Ela segue o Fundador, não só no plano executivo, mas com docilidade de coração,sabendo que através dele, Deus lhe indica o caminho.
Assim lhe escreve em 1950: “Tenho plena confiança em suas palavras”. E numa outra carta do mesmo ano: “Seja como o pai que corrige a sua filha. Ele o sabe, estou nas suas mãos. Disponha de mim como um lencinho. Tenho tanto medo de não fazer bem e de levar as Filhas de São Paulo...do lado contrário...”.
Coparticipante e corresponsável do desígnio de Deus Pe. Alberione sente que Mestra Tecla é coparticipante e corresponsável do desígnio de Deus:
ele a informa sobre cada passo; solicita sua presença durante a visita às casas. Pede seu parecer sobre problemas e iniciativass; encarrega-se de indicar nomes para o apostolado, a fim de que irmãs “façam o bem sem prejuízo para o espírito”; possam ter um adequado relacionamento com as outras instituições femininas.
A Primeira Mestra recebe e aplica cada orientação do Fundador com a riqueza do seu dom; ou então, coloca o contributo da sua experiência para um discernimento mais aprofundado, quando a vontade de Deus ainda não está bem evidenciada.
Pe. Alberione, perante as Filhas, coloca em plena luz a mãe em cujas pegadas é preciso caminhar: “A docilidade das Filhas de São Paulo à Primeira Mestra explica o seu rápido desenvolvimento e o sucesso do seu apostolado”.
Ao lado de Pe. Alberione, nas grandes viagens apostólicas, de carro ou de avião, pude ouvir suas confidências, as alegrias e as amarguras. Muitas expressões, escritas ou ditas pessoalmente, demonstram essa comunhão. Escrevia de Roma, a 16 de outubro de 1939, a Mestra Paulina Piveta “Agora já sabes que tive de partir com urgência. Chamaram-me para ver se posso ajudar um pouco o Primeiro Mestre que se encontra em extremíssimas necessidades. Nunca tivemos necessidades materiais tão pesadas como agora... tenho tanta pena de não poder fazer nada para ajudá-lo...”.
A 02 de setembro de 1954, o Fundador solicitava as irmãs a receberem a palavra da primeira Mestra como se fosse o próprio pensamento dele: “Não são dois pensamentos, mas um só, que eu acredito sejam o ensinamento e o desejo de Deus”.
Celebramos em ação de graças e na alegria o “dia de bênçãos que nos encontra todas unidas na reflexão, na oração, no desejo de uma mesma resposta generosa ao dom que recebemos.
Se o quisermos, poderemos utilizar os passos da hora de adoração que vai anexa Saudações caríssimas a todas, com muito afeto.
(Ir. Anna Maria Parenzan - Superiora geral)
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