terça-feira, 18 de março de 2014

O livro da santidade paulina

Pe. Alberione queria poder contar com uma elaboração filosófica e teológica completa, conforme o espírito da Casa. Esta tarefa foi confiada a Francisco Chiesa, com o qual aprofundou cada estudo e projeto em quase trinta anos de intercomunicação.
Um passo em frente neste sentido foi realizado com a redação da Introduzione all’Ascetica,  como Manual de estudo, com a finalidade de fazer “conhecer os princípios gerais e de mostrar a conexão da Ascética com a Teologia”.

Repetidamente Francisco Chiesa indica Gl 4,19 como a tarefa de toda a vida espiritual: “A ação da graça em nós se expressa em vários modos: diz-se que essa consiste em difundir em nós o reino da perfeição, da santificação, das virtudes, do amor divino, ou do Espírito Santo, ou o reino de Jesus Cristo; ou em difundir a vida de Jesus em nós, donec formetur Christus in vobis. É a mesma coisa. Tudo se realizará quando se estabelecer em nós o reino das virtudes cristãs”.

O intenso trabalho de pesquisa de Francisco Chiesa encontra um desenvolvimento ulterior: ele aplica à formação do clero a visão teológica exposta nas Lezioni di Teologia. Daqui nasce a obra: Per l’unità nella formazione del Clero.

A formação é vista como trabalho de unificação de toda a pessoa. É significativo como este seja  também o objetivo que Pio XI, aludindo explicitamente ao texto paulino “donec formetur Christus in vobis”, confere à educação cristã, na encíclica Divini illius Magistri de 31 de dezembro de 1929:

“Fim próprio e imediato da educação cristã é cooperar com a graça divina na formação do verdadeiro e perfeito cristão, isto é, Cristo, mesmo nos regenerados com o Batismo, segundo a viva expressão do Apóstolo: “Filhinhos meus, que eu de novo carrego no seio até que Cristo seja formado em vós”. Já que o verdadeiro cristão deve viver a vida sobrenatural em Cristo: “Cristo é a nossa vida”.

Nessa linha, Chiesa considera cinco modos de unificação, segundo se escolha
o caminho da história, 
da psicologia, 
da razão, 
da fé, 
                                                                   ou do amor de Deus.

Chegando ao penúltimo desses degraus, Chiesa afirma que a unificação da fé, ou síntese teológica, não basta, mas é necessária a unificação no amor, ou síntese mística: “Mas a mera fé, só por si, não toca ainda as últimas sublimidades da vida espiritual. Nunc manent fides, spes, charitas, diz o Apóstolo, maior autem horum est charitas. A caridade que diviniza a vontade, a qual é a rainha de todas as faculdades humanas, é também a virtude na qual a alma humana alcança os vértices mais sublimes da sua elevação. Se pode crer sem amar. [...] Ao invés, na caridade realiza-se uma síntese na qual verdadeiramente se cumpre toda unificação”.

Pe. Alberione partilha plenamente a visão teológica de Chiesa e, para a sua família religiosa, indica como meta do trabalho formativo a unificação em Cristo, segundo a indicação de Paulo: “Filioli mei, quos iterum parturio, donec formetur Christus in vobis” (Gl 4,19).

No início da década de 1930, aquela que no futuro deveria ser chamada Família Paulina encontrava-se numa fase de contínua expansão nas obras, no número das pessoas e nas fundações de novas casas.Em 1931, de fato, havia iniciado também a sua difusão em outros continentes. Tornava-se, portanto, imprescindível uma “ratio formationis” que, mais que um tratado, tivesse o carisma de um testemunho, capaz de suscitar mais vida, enquanto nascida da vida.
Pe. Alberione, então, decide completar a redação da sua proposta formativa e a intitula “Donec formetur Christus in vobis”.


O Donec formetur pode ser considerado, portanto, como o livro que reúne em si muitos outros livros, com a finalidade de obter um único objetivo: interpretar o inesgotável documento que é a vida vivida por Pe. Alberione e pelas primeiras gerações paulinas, totalmente entregues a corresponder ao chamado à santidade. Por isso, não pode ser lido simplesmente como uma coleção de descarnadas anotações, mas deve ser considerado, como justamente é, o livro da santidade paulina.
 Fonte: DFin 214-220
O Primeiro Mestre nos explicou assim: crescer, para nós, significa ser mais santos, mais sábios, adquirir maior espírito de piedade, e não somente aumentar os dias da vida. Nós somos os discípulos e como tais devemos imitar o Mestre”
(Unione Cooperatori Apostolato Stampa, ano XV, n. 2, fevereiro de 1932, p. 3).

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