domingo, 30 de janeiro de 2011

Padre Alberione: traços de uma vida e um carisma (8)

Tiago Alberione poderia ter passado para o Seminário de Turim.
Escolheu, ao invés, permanecer no de Alba pelo espírito de família que levava à participação, pelo enfoque do estudo, em sintonia com o progresso das ciências e as necessidades dos tempos, e pela espiritualidade, encarnada num forte espírito pastoral, social e litúrgico. No mesmo período em que Alberione freqüentava o Curso de Teologia, foi construída a nova capela do Seminário. A sua decoração constitui uma síntese perfeita da formação de Alberione.

Tudo parte da Trindade, que revela o plano de salvação na vinda do Filho e no dom do Espírito; daqui derivam: o papel de Maria na Encarnação; a Eucaristia como centro da vida cristã; o Evangelho, apresentado conforme o símbolo dos quatro evangelistas, de modo que resulta o nome da cidade de A-L-B-A:

As bem-aventuranças e a via-sacra como expressões da vida cristã,
a liturgia como sacrificium laudis; o ministério do bispo a serviço do Reino de Deus; as figuras de Maria e da Igreja; os santos sobre cujas pegadas caminha o povo de Deus, especialmente os seminaristas; e o nicho, atrás do retábulo móvel, para cultivar as devoções especiais.
Os santos figurados apresentam os valores fundamentais da formação dos futuros sacerdotes. Em primeiro lugar, os padroeiros do Seminário: Maria, como Mãe do Bom Conselho, pela sua plena adesão à vontade de Deus; Carlos Borromeu, pelo seu zelo pastoral; Francisco de Sales, pela sua mansidão e direção espiritual; Felipe Néri, pela sua alegria e humor. Depois, dois doutores: Afonso de Ligório, pela teologia moral; Tomás de Aquino, pela teologia dogmática; e duas testemunhas: Lourenço, mártir e padroeiro da diocese, e Luiz Gonzaga, pela pureza e pelo serviço até ao heroísmo. Enfim, nos medalhões, dois exemplos para a juventude: Estanislau Kostka e João Berchmans.  
 Aproximando-se da ordenação sacerdotal, Tiago Alberione tinha consciência de estar radicado na Tradição da Igreja, adquirindo um profundo conhecimento da vida espiritual.

Em 1933, Pe. Alberione propõe um elenco de santos para serem imitados na formação: “Fixemos nosso olhar sobre Sacerdotes Santos. 1. S. Gregório Magno – Pastoral. 2. S. Bernardo. 3. S. Francisco de Sales – Ascética.4. S. Afonso de Lig. – Moral. 5. S. Boaventura – Mística. 6. Tomás de Aq. – Filosofia. 7. S. Agostinho – Teologia” (LV01, p. 163).
 Na formação sacerdotal do jovem Alberione, exerceu uma importante influência o pontificado de Pio X e o seu programa traçado na encíclica E Supremi Apostolatus:
“Do mesmo modo, visto que foi do agrado da vontade divina elevar a Nossa baixeza a tanta sublimidade de poder, nós tomamos coragem Aquele que nos conforta; e colocando-Nos à obra, apoiados na virtude de Deus, proclamamos de não haver, no Supremo Pontificado, outro  programa, se não precisamente este de ‘restaurar todas as coisas em Cristo’ (Ef 1,10), de modo que seja ‘Cristo em tudo e em todos’ (Cl 3,11). [...] Os interesses de Deus serão os Nossos interesses; pelos quais estamos decididos a consumir todas as Nossas forças e até mesmo a vida. Pelo que, se alguém Nos pede uma palavra de ordem, que seja expressão da Nossa vontade, esta sempre daremos, e não outra: ‘Restaurar todas as coisas em Cristo’ [...] Se não que, Veneráveis Irmãos, este apelo dos homens à majestade e ao império de Deus, quanto por nos esforcemos, jamais será obtido senão por meio de Jesus Cristo. ‘Ninguém, assim adverte o Apóstolo, pode colocar outro fundamento além do que foi posto: Jesus Cristo’ (1Cor 3,11). Cristo  o único ‘que o Pai santificou e enviou a este mundo’ (Jo 10,36), esplendor do Pai e imagem da sua substância (Hb 1,3), Deus verdadeiro e verdadeiro homem; sem o qual ninguém pode conhecer verdadeiramente a Deus, como é necessário para a salvação, dado que ‘ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar’ (Mt 11,27). Por conseqüência, instaurar todas as coisas em Cristo e reconduzir os homens à submissão a Deus é um mesmo e idêntico objetivo. Aqui, portanto, se faz mister orientar os nossos cuidados para reconduzir o gênero humano sob ao império de Cristo; somente assim, o reconduziremos também a Deus.
A vós, ó Veneráveis Irmãos, compete sustentar as Nossas iniciativas com a santidade, com a ciência, com a vossa experiência e, sobretudo, com o zelo pela glória divina; não tendo outro objetivo a não ser que Cristo seja formado em cada pessoa.
Depois, quais meios seja necessário usar para alcançar tão grande objetivo, parece supérfluo indicá-lo, já que são óbvios por si mesmos. Os vossos primeiros cuidados sejam os de formar Cristo naqueles que, por dever de vocação, são destinados a formá-lo nos outros. Referimo-nos aos sacerdotes, ó Veneráveis Irmãos. Pois que todos aqueles que receberam as insígnias do sacerdócio devem saber que, no meio do povo com o qual vivem, eles têm aquela mesma missão que Paulo atestava ter recebido, com aquelas ternas palavras: ‘Meus filhinhos, por quem eu sofro de novo as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós’ (Gl 4,19). Ora, como poderão eles cumprir tal dever, se antes eles mesmos não se tenham revestido de Cristo? E revestidos de modo tal que possam dizer com o Apóstolo: ‘Eu vivo, já não mais eu, mas é Cristo que vive em mim’ (Gl 2,20). ‘Para mim, o viver é Cristo’ (Fl 1,21). Por isso, se bem que a todos seja dirigida a exortação de encaminhar-se para o homem perfeito, na medida da idade da plenitude de Cristo (Ef 4,13), é dirigida, antes que a qualquer outro, àqueles que exercem o ministério sacerdotal, os quais, por isso, são chamados outro Cristo, já não somente pela comunicação do poder, mas também pela imitação das obras,
pelas quais devem expressar em si mesmos a imagem de Cristo. [...] Pois não é verdade que os progressos da ciência extinguem a fé, mas
sim a ignorância; daqui advém que onde domina mais a ignorância, a incredulidade produz maior ruína. E esta é a razão pela qual Cristo ordenou aos Apóstolos: ‘Ide, ensinai a todos os povos’ (Mt 28,19). Porém, para que deste apostolado e zelo de ensinamento se recolha
o fruto esperado e em todos se forme Cristo, lembre-se bem cada um, ó Veneráveis Irmãos, que nada é mais eficaz do que a caridade. Porque o Senhor não se encontra no terremoto (1Rs 19,11). Em vão se espera atrair as almas para Deus com um zelo amargo, pois o censurar duramente os erros, o repreender com aspereza os vícios, freqüentemente resultam mais danosos que úteis. Exortava, é verdade, o Apóstolo a Timóteo: ‘Adverte, insiste, repreende”; mas acrescentava também: “com toda a paciência’ (2Tm 4,2).
Certamente, tais exemplos Jesus nos deixou: ‘Vinde – assim encontramos ter Ele dito – vinde a mim vós todos que estais enfermos e oprimidos, e eu vos consolarei’ (Mt 11,28)”
(cf. La Civiltà Cattolica, Serie XVIII, Vol. XII, caderno 1280, 7 de outubro 1903, pp. 129-149).
Alberione tinha consciência  de ter cuidado intensamente da própria formação intelectual e de ter procurado entender as necessidades atuais da Igreja e da humanidade.
(Fonte: DFin 31-33).

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