No Evangelho de Mateus (13,1-9), Jesus nos apresenta uma de suas parábolas mais conhecidas: a do semeador. Ele sai a semear generosamente, espalhando a semente por toda parte – pelo caminho, entre pedras, entre espinhos e em terra boa. A semente é a Palavra de Deus, viva e eficaz, mas o seu fruto depende da qualidade do solo onde ela cai. Assim, Jesus não apenas nos fala da generosidade divina que semeia sem cessar, mas também nos convida a examinar nosso coração: que tipo de solo somos?
Neste texto encontramos um elo profundo com a vida e missão do Beato Tiago Alberione e da Venerável Mestra Tecla Merlo. Eles foram terra boa onde a Palavra caiu e produziu frutos admiráveis – frutos que ainda alimentam a Igreja e o mundo por meio da Família Paulina.
1. O Semeador que acreditou nos meios modernos: O Beato Alberione entendeu desde muito jovem que a Palavra precisava ser semeada também por “outros púlpitos”, como ele dizia – as gráficas, o rádio, o cinema, a televisão, e hoje, também a internet. Ele foi um semeador ousado. Viu os meios de comunicação como campos férteis onde a Palavra podia germinar. Com o coração apaixonado por Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, lançou a semente da comunicação evangelizadora como ninguém.
Assim como na parábola, Alberione também viu muitos terrenos difíceis: incompreensões, dificuldades técnicas, limitações humanas. Mas não desanimou. Seu olhar estava fixo na colheita que viria, e ele confiava no poder da Palavra. Por isso, fundou Congregações, Institutos Seculares e os Cooperadores Paulinos, todos voltados para anunciar o Evangelho com os meios mais modernos.
2. Tecla: terra boa, coração generoso, mulher forte, serena, profundamente espiritual. Ela foi a primeira Filha de São Paulo, a primeira a acreditar na proposta ousada de evangelizar com a imprensa e depois com tantos outros meios. Em sua vida, vemos um coração totalmente disponível à vontade de Deus – exatamente o tipo de terra boa que Jesus descreve.
Tecla acolheu a Palavra com fé, cultivou-a com oração e entrega, e a fez frutificar com o trabalho incansável, a formação das Irmãs e o zelo missionário. Quantas vocações surgiram porque ela acreditou! Quantos livros, revistas, programas, materiais catequéticos nasceram por causa de sua fé!
Ela mesma dizia: “Vamos fazer o bem! Muito bem!” – e esse “bem” era levar Jesus às pessoas, onde quer que estivessem. Seu solo era fértil porque era feito de humildade, coragem e profunda comunhão com o Senhor.
3. E nós? Que tipo de solo somos hoje? Diante desse Evangelho e dessas testemunhas luminosas, somos convidados a olhar para nós mesmos. Jesus continua semeando hoje. A Palavra continua sendo lançada por muitos meios. Mas será que ela encontra em nós uma terra acolhedora? Somos apenas ouvintes distraídos, como a semente caída à beira do caminho? Temos raízes superficiais, como a semente entre pedras, que não resiste ao sol do sofrimento? Estamos sufocados por tantas preocupações e seduções, como os espinhos que impedem o crescimento? Ou, como Alberione e Tecla, estamos dispostos a ser terra boa, que acolhe, cultiva e multiplica a Palavra?
4. A missão continua: A missão iniciada por esses dois grandes servos de Deus continua nas mãos daqueles que acolhem a Palavra e se deixam transformar por ela. Cada um de nós, através de nossa vocação paulina, somos convidados a ser terra boa na Congregação, no apostolado, na comunidade e, especialmente, na evangelização.
A Família Paulina, herdeira desse carisma, é chamada a continuar semeando, mesmo em tempos difíceis, acreditando que a Palavra não volta sem ter produzido seu efeito (cf. Is 55,11).
Pe. Antonio Lúcio Lima, ssp
22/07/2025
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