quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Padre Alberione: traços de uma vida e um carisma (7)

Uma pessoa em contínua reflexão
São muitos os testemunhos sobre a aplicação constante  de Alberione no estudo e numa contínua reflexão.Como exemplo para confirmar o empenho do jovem Alberione na resposta ao chamado de Deus, pode-se tomar em consideração o que resta das suas leituras da Storia universale, de Cesare Cantù, ou seja, o Caderno 36,17 que testemunha a sua sede intelectual, a sua abertura universalista e o seu empenho em documentar-se, até poder afirmar: “Tudo foi, para ele, escola” (ADds 90).

Escritos de Alberione
Entre alguns escritos juvenis, publicados em “Sono creato per amare Dio” (= SC), encontramos um manuscrito de nove páginas sobre a Bíblia (cf. SC 155-180). São páginas muito significativas, porque demonstram como Alberione quisera retomar muitas das anotações do Caderno 36 para compor uma pequena monografia sobre a Bíblia, “livro da humanidade... livro divino”, que ocupava, a esta altura, o centro da sua atenção. É possível entrever como aquele “tudo foi, para ele, escola” tivesse duas referências unificadoras: a oração e a escuta da Palavra. Vai nesta direção o solene enunciado inicial: “A verdadeira força que rege os afetos do coração, motriz no reino invisível do pensamento, na união intelectual e moral, individual e social, que flui ao longo dos séculos, que se dilata em todas as nações, é a potência da palavra. Fala o homem e fala Deus; o homem, com poucos meios, manifesta os seus verbos mentais; Deus, com meios infinitos, como Ele mesmo é infinito. Ele falou imprimindo o seu Verbo na natureza; de modo que o homem, estudando a natureza, estuda o Verbo de Deus, como corretamente foi dito de Sócrates, que ele conheceu o Cristo, porque estudou a natureza. Mas o homem não é apto para compreender de modo adequado e direto as verdades divinas na natureza; assim Deus, segundo a idéia de Tertuliano mantida por S. Tomás, adaptou-se à capacidade humana, recolhendo as suas palavras num livro simples, sublime, a Bíblia” (SC 155).

Cônego Chiesa
Pessoas que orientaram Alberione
Numa página, provavelmente de 1954, Alberione indica várias pessoas que o ajudaram na caminhada daqueles anos: “No caminho da minha vida, desde 1902, houve pessoas santas que, decididamente, me orientaram. O Côn. Danusso, para a devoção a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida; o Côn. Chiesa, na formação espiritual e intelectual; Dom Re, guia sempre seguro na crise geral do modernismo; o Côn. Priero, nos seus exemplos de amor ao catecismo, à Eucaristia, à Filosofia tomista, à Sagrada Escritura; em seguida, muitas confirmaram, acrescentaram, corrigiram, encaminharam com todo tipo de ajuda. As três devoções se iluminaram, a vida religiosa pareceu, sempre melhor, o caminho seguro; o Senhor fez tudo”.

A proteção de Maria
Em “Sono creato per amare Dio”, Alberione indica como entra no desígnio providencial da sua vocação a proteção de Maria (cf. SC 129). Bem cedo decidiu-se por testemunhar esta graça no modo que mais condizia com a chama que cultivava  interiormente: ser incluído entre os apóstolos de hoje, tornando-se apóstolo escritor. Após uma primeira tentativa de redação, empenhou-se então na preparação do seu primeiro livro, sobre a Bem-aventurada Virgem das Graças,  cuja redação remonta a 1906.

Um novo impulso missionário
O conhecimento do Senhor leva a uma consciência mais viva dos riscos e dos males que afligem o seu povo. Ídolos antigos e novos renascem sempre; semeando aquela inimizade que deforma o rosto da humanidade. Assim, dia após dia, o jovem Alberione aprofundava o significado da oração feita no início do vigésimo século: “Que o século nascesse em Cristo-Eucaristia, que novos apóstolos saneassem as leis, a escola, a literatura, a imprensa, os costumes; que a Igreja tivesse um novo impulso missionário, que fossem usados bem os novos meios de apostolado, que a sociedade acolhesse os grandes ensinamentos das encíclicas de Leão XIII, interpretadas para os Clérigos pelo Cônego Chiesa, e que tratavam especialmente das questões sociais e da liberdade da Igreja” (ADds 19).
Fonte: DFin 25 a 29

Nenhum comentário: