sábado, 10 de julho de 2010

"Glória a Deus" e "Miserere"

Na obra carismática intitulada “Abundantes Divitiae gratiae suae” , o bem-aventurado Alberione, com a expressão da carta aos Efésios (2,7), conta a história do carisma paulino. Esta é a expressão paulina cara a Alberione, e como em João 14,6, representa um dos aspectos fundamentais da sua espiritualidade. Diz ele, logo no início do texto:

“Se para condescender ao vosso pedido, vos quisesse contar algo do que ainda se lembre e julgais útil para a Família Paulina, deveria contar dúplice história: a história da misericórdia divina para cantar “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens” (Lc 2,14).
E mais, a história humilhante da incorrespondência ao excesso da caridade divina e compor um novo e doloroso “Miserere” (Sl 50) “pelos meus inumeráveis pecados, ofensas e negligências”.
Desta segunda história, considerada nas suas várias partes, ele medita e chora, todos os dias, as várias etapas nas conversas com Jesus, esperando pela intercessão de Maria e de são Paulo, o perdão total delas.
Esta segunda história produziu nele persuasão e faz dela profunda oração viva: todos devem considerar como pai, mestre, modelo, fundador somente são Paulo apóstolo. Ele o é de fato. Por meio dele nasceu; por ele foi alimentada e cresceu, dele tomou o espírito. Quanto à sua pobre carcaça: ele7 cumpriu alguma parte da vontade divina; mas deve desaparecer da cena e da memória, também porque, por ser o mais idoso,
teve que tomar do Senhor e dar aos outros. Como o sacerdote que, acabada a missa, depõe a casula e permanece o que é diante de Deus.
Recito muitas vezes: “Pai, não sou digno de ser chamado filho… pequei contra o céu e contra ti… trata-me como um empregado…”.( Lc 15,18-19 ). Assim tenciono pertencer a esta admirável Família Paulina: como servo agora e no céu, onde me interessarei pelos que usam os meios modernos e mais eficazes de fazer o bem: na santidade, em Cristo e na Igreja (cf. 1Cor 1,1; Ef 3,21).
“Fez-nos reviver em Cristo Jesus… com ele nos ressuscitou; e nos transportou aos céus: para mostrar aos séculos futuros as abundantes riquezas da sua graça por sua bondade para conosco, em Jesus Cristo” (Ef 2,5-7). Deus, por sua bondade, conferiu à Família Paulina abundantes riquezas de graça,11 em Jesus Cristo, a serem reveladas nos séculos futuros, por meio dos novos anjos da terra, os religiosos.
O Senhor derramou, com sabedoria igual ao amor, as muitas riquezas que há na Família Paulina: “para mostrar… por meio da Igreja, a multiforme sabedoria de Deus”( Cf. Ef 3,10). Tudo é de Deus (Cf. 1Cor 3,22-23), tudo nos leva ao Magnificat.( Cf. Lc 1,46-55).”

As citações bíblicas revelam um caminho de fé, como o êxodo bíblico; e por certo interpretam o desenvolvimento da obra querida por Deus para o século XX; empreendimento guiado pela “Providência” (cf. AD 43, 45) até sua maturidade.
Quando Alberione escreve este texto, em dezembro de 1953, a Família Paulina compunha-se de quatro congregações religiosas: Pia Sociedade de São Paulo (fundação 20.8.1914), Pia Sociedade Filhas de São Paulo (fundação 15.6.1915), Pias Discípulas do Divino Mestre (fundação 10.2.1924), Irmãs de Jesus Bom Pastor (7.10.1938). A seguir surgiram as Irmãs de Maria Santíssima Rainha dos Apóstolos ou Apostolinas (8.9.1959) e quatro Institutos agregados (8.4.1960): “Jesus Sacerdote” (para sacerdotes diocesanos), “São Gabriel Arcanjo” (para rapazes), “Nossa Senhora da Anunciação (para moças) e “Sagrada Família” (para cônjuges e famílias).



Na sua narração, antes ainda dos inícios humildes da instituição, o bem-aventurado Alberione tem presente a si mesmo, qual homem guiado – ele se diz “um semicego, guiado [por Deus]; e avançando é paulatinamente iluminado, a fim de que possa sempre avançar”; AD 202); “servo” na obediência e, simultaneamente, homem consciente de ser guia espiritual, “Mestre” para os seus; sem flexões inúteis sobre o eu, e tampouco sem se comprazer nos seus próprios dons.

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