sábado, 12 de dezembro de 2009

FIDELIDADE CRIATIVA AO CARISMA PAULINO (II)




1) Fidelidade ao homem e ao nosso tempo

1.1 Sociedade moderna e pós-moderna

Estamos inseridas no tempo em que vivemos. Não podemos esquecer que somos filhas/os do nosso tempo.
Fomos formadas com as características da civilização que anima nossa realidade.
Temos a possibilidade de escolher neste ambiente os sinais e os estímulos que julgamos úteis para melhorar e corresponder à nossa opção de vida.

Por ocasião da sua primeira viagem ao Oriente, em 1949, P. Alberione escreveu:
“O mundo desenvolve-se rapidamente: os centros habitados, a cultura, o comércio deslocam-se. Acontecem revoluções pacíficas e rápidas através da imprensa, da rádio, do cinema, da televisão, da aviação, dos movimentos políticos, sociais, industriais, da energia atômica… É necessário que a religião esteja sempre presente; de tudo se sirva para um melhor teor de vida na terra e de glória no céu. Quem pára ou retarda é ultrapassado; trabalhará num campo onde o inimigo já colheu” (CISP, p. 1010).

Vivemos uma época caracterizada pela cultura “contemporânea” e “dominante”. Uma cultura que se
exprime na indústria, na comunicação de massa e que, entra na globalização envolvendo todas as áreas geográficas do planeta. As características principais desta cultura são:

1. O conhecimento do mundo já não assenta na aceitação incondicional da religião e dos seus dogmas, mas no uso da razão orientada para a aquisição dos conhecimentos verificáveis fisicamente; conhecimentos que se estendem gradualmente a todo o ambiente que nos rodeia: economia, política, justiça e ciências humanas em geral.

2. O Estado é leigo e democrático: o fundamento do Estado são os cidadãos, independentemente da religião que praticam.

3. A racionalidade tecnológica: o desenvolvimento dos conhecimentos físicos impulsiona o progresso ecnológico.

4. A secularização da cultura: setores da realidade quotidiana – política, ética, economia, direito – separam-se progressivamente da esfera religiosa e tornam-se autônomos. Esta invasão progressiva da racionalização em todos os âmbitos da vida humana cria nova cultura, porque comporta uma visão diversa da realidade.

Resumindo, o homem moderno move-se na convicção de que pode gerir corretamente as condições elementares da vida humana com a ajuda das ciências, da tecnologia, da organização, e de que pode encontrar nelas a solução para todos os problemas da vida. No mundo contemporâneo diminui, até quase desaparecer, qualquer visão vertical do homem, orientada para a eternidade. As últimas referências do homem passam a ser o consumismo, a realização pessoal, o bem-estar, tudo o que se pode experimentar neste mundo.

No âmbito desta antropologia, as grandes interrogações existenciais (o sentido da vida) recebem pouca ou nenhuma atenção, ou são até removidas completamente da consciência.

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