quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Espiritualidade de Paulo e de Alberione: Daqui quero iluminar.

Instrumento da Luz


O modelo que Pe. Alberione segue mais de perto é são Paulo, não no estilo, mas no espírito. Mesma a humildade do convertido, mesmo o reconhecimento a Cristo que o tirou das trevas para fazer dele instrumento da Luz; mesmo o intento final: glorificar a divina Misericórdia e fazer obra de evangelização”.

Também Paulo anunciava o evangelho narrando suas experiências espirituais. Devendo falar de visões, usava a terceira pessoa (cf. 2Cor 13,3-4). Sem dúvida as “visões”, embora minimizadas pelo Apóstolo pela “fraqueza” na qual se manifesta o “poder” do Senhor (cf. 12,9), são testemunhos de significado elevado, também se dificilmente comunicáveis a quem não tenha feito delas experiência.

Provavelmente Pe. Alberione encontrou-se com problema semelhante ao de são Paulo. A experiência de dons espirituais é por si irrepetível: narrá-la aos outros, que efeito produziria? Isso explica certa relutância a manifestar os segredos pessoais. A nós parece que a induzi-lo a escrever acerca desses argumentos, tenha sido o desejo de deixar a outros o melhor de si, ou seja, o que Deus realizou nele e por meio dele em favor da comunidade cristã. E se a Família Paulina é a destinatária dessa herança, estará em condições de compreender e apreciar AD no seu verdadeiro significado.

É uma história?

É uma história de Deus, mais do que uma doutrina. Uma história que deve ser reconhecida como guiada do alto, uma “história sagrada”.

Do ponto de vista crítico pode haver interrogativos: por exemplo, a respeito da história não verificável dos “sonhos” ou de outros particulares acerca da famosa noite de 1900 a 1901 (cf. AD 13).

De qualquer modo, certas experiências fortes marcam a vida inteira. Talvez houve em Alberione, como em Paulo, uma forte iluminação de Cristo presente, capaz de mudar o curso de sua vida.

Semelhante “experiência do Espírito” é o que na teologia atual se chama “carisma dos fundadores”: luz vivida pela primeira pessoa, porém para ser participada.

Obviamente, também no plano histórico, ela constitui dado significativo e comporta conseqüências para todos os que nessa experiência entrevêem as próprias raízes carismáticas.

Luz da glória

Esta história de luz aparece como vasta paisagem, não só para ser contemplada mas percorrida, através de itinerários antigos e novos, além do fio do horizonte, na perspectiva da eternidade. Eternidade! “Visão de tudo em Deus, na vida eterna,mediante a luz da glória” (AD 194). É o ponto de observação mais alto e compreensivo.

Luz maior

Ler a História carismática é um pouco como ler são Paulo: somos admitidos a contemplar a realidade de Deus e do mundo numa “luz maior”, aquela irradiada pelo Mestre (AD 153): luz de Jesus ressuscitado, a mesma que iluminou Saulo (AD 159) no caminho de conversão de Jerusalém a Damasco, do Antigo ao Novo Testamento.

Luz bíblica

A história carismática será objetiva e fecunda à medida que nos posicionarmos numa perspectiva não apenas histórica, mas também bíblica e carismática. Somente assim poderemos captar toda a “riqueza” de dons ou de “graças” que aqui nos é oferecida.

Comunicação da Charis


Tanto são Paulo como Alberione comunicam a charis, o dom e a fragrância da sua “consagração”, que os fez apóstolos e profetas de Cristo. Eis: “profeta” poderia ser

o apelativo que melhor qualifica Pe. Alberione. Assim, com efeito, ele se sente — e o explicitará mais tarde — quando “sob a mão de Deus” evoca a própria missão particular e a

da sua Família no mundo de hoje. A “profecia” consiste aqui, para nós, no testemunho de tantas riquezas.



Riquezas de natureza e de graça

Alberione utiliza as palavras “graça”, “sobrenatureza”, “santidade”, “missão”, para indicar a passagem da completude: da natureza à graça, da razão à fé. É necessário “elevar-se”, acolhendo o chamado de Deus a uma missão particular, a fim de poder “elevar” a todos e tudo; para levar a todos a verdade do Evangelho.

Este ministério de “verdade” e de “graça” é potenciado pela elevação pessoal mediante a vida consagrada, o verdadeiro enriquecimento de todos os que se tornam “religiosos e religiosas” a fim de tender à “mais alta perfeição, a de quem pratica também os conselhos evangélicos, e ao merecimento da vida apostólica… [e para] dar mais unidade, mais estabilidade, mais continuidade, mais sobrenatureza ao apostolado” (AD 24).

Urgência de Paulo, urgência de Alberione

O ponto de partida de toda vocação apostólica é, para Alberione, sentir em clima de fé e de “zelo” a urgência de Paulo: levar os homens a Deus e Deus aos homens. E é a “piedade” que abre os olhos e o coração do apóstolo, e o leva a perceber como à Virgem de Pentecostes, a Rainha dos Apóstolos, — que o mundo tem necessidade de Jesus Cristo Caminho Verdade Vida” (AD 182).

Também a missão específica é “graça”, comunicação das riquezas de Deus para a salvação do mundo; e é essa graça que ilumina de significado teologal os regulamentos apostólicos e formativos, as próprias constituições dos Institutos paulinos.

Sonho para um programa de vida e de luz

Alberione é induzido pela “graça” ou pela “santidade”, outra palavra que exprime a mesma realidade, a elaborar o seu programa de vida. “No sonho… pareceu-lhe receber a resposta. De fato, Jesus Mestre lhe dizia: “Não temais, estou convosco. Daqui quero iluminar. Arrependei-vos dos pecados”.

Falou sobre isso com o diretor espiritual explicando como a figura do Mestre estava envolvida em luz. Ele respondeu-me: “Tranqüiliza-te; sonho ou não, o que foi dito é santo. Faz disso um programa prático de vida e de luz para ti e para todos os membros” (AD 152-154).

Santidade de vida e da doutrina

Dom de graça ulterior foi para Alberione a descoberta de são Paulo diante do qual admira-lhe a “personalidade, a santidade, o coração, a intimidade com Jesus”: o apóstolo universal, modelo de santidade e de dedicação ao Evangelho. Daqui a regra: “A primeira preocupação da Família Paulina será a santidade da vida, a segunda a santidade da doutrina” (AD 90). A experiência paulina confirmará sempre que a “ação exterior” deriva de “ação interior da graça”. Assim tudo: “natureza, graça e vocação, para o apostolado” (AD 100). A missão é caridade para as gentes. Sem a intimidade com o Senhor não é possível tornar-se realmente “apóstolos”.

Portanto, o exame de consciência, sobretudo em “momentos de dificuldade particular”, faz-se a respeito de possíveis “impedimentos à ação da graça”, a serem tirados para dar espaço à presença do Mestre divino em casa. Com ele torna-se possível crescer “em sabedoria”, idade e graça, até a plenitude e a perfeita idade de Jesus Cristo”; até a identificação com ele, ou “cristificação”.

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