domingo, 31 de dezembro de 2017

O Instituto Santa Família


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Nos anos de 1920-1950, aos poucos iniciavam-se movimentos em que os cônjuges cristãos pudessem encontrar instituições e meios de santificação pessoais e de casal, juntamente com orientações para o apostolado dos leigos. Surgiram naquela época algumas instituições eclesiais – apresentadas logo a seguir – com o objetivo de promover a espiritualidade dos cônjuges, do matrimônio e da família:
– Em 1938 Fernand Tonnet, formado na JOC (Jeunesse Ouvrière Chretiénne: Juventude Operária Cristã), associação surgida na Bélgica, funda os Feuilles familiales.
– Em 1938, Henry Cafarel, francês, funda os primeiros grupos familiares, que em 1947 convergirão para o movimento Équipes Nôtre Dame. 
– Durante o período bélico (1943) surgiu o Movimento dos Focolares, iniciado por Chiara Lubich. Com o passar do tempo, ele se difundiu no mundo todo, graças também ao impulso do Concílio. Ramifica-se em três sessões: a) Focolarinos e Focolarinas consagrados no mundo; b) Focolarinos casados; c) Focolarinos presbíteros.
– Em 1947, Pe. João Rossi funda em Assis o movimento de espiritualidade familiar Domus christiana,unido à conhecida editora “Pro Civitate Chistiana”.
– Ainda em 1947, nos Estados Unidos (Chicago), o casal Crowley anima o Christian family movement. Em 1968, ele atingirá 40.000 casais, que em pequenos grupos se encontram periodicamente.
– Em 1949, em Milão, o teólogo Carlos Colombo funda os Grupos de espiritualidade familiar, que acolhem casais que já faziam parte da Ação Católica. A espiritualidade conjugal destes grupos apóia-se no sacramento do matrimônio.
Toda essa sequência de iniciativas constituía uma novidade relevante na história da Igreja, pois “tendia-se a deslocar a tônica de uma consideração da família apenas em termos jurídicos e sociais para o destaque dos aspectos teológicos e espirituais intimamente ligados ao sacramento do matrimônio” (FLICHE – MARTIN, História da Igreja, San Paolo, Cinisello Balsamo – Milão, 1994, vol. 25/2, p. 101).
Pe. Alberione quis sempre uma maior santificação dos casais, ciente de que no matrimônio e no núcleo doméstico, queridos por Deus, desabrocham a fé, as virtudes humanas e cristãs e os carismas eclesiais. Ao promover a família, ele se inspirava na Santa Família de Nazaré. Jesus nasce em Belém e por muitos anos vive em Nazaré com Maria e José. A Santa Família tornou-se modelo de vida, e a consequente espiritualidade “nazarena” exerceu forte influência no Fundador, que elaborou a sua “teologia do trabalho”, por exemplo, justamente inspirando-se em Nazaré. O fato de Jesus com Maria e José iniciar a Redenção trabalhando, fatigando, rezando, suportando, oferecendo, é “exemplar” para a maioria das pessoas envolvidas na sua “dura” lida diária. Os membros do Instituto, porém, enquanto leigos empenhados, segundo o próprio Estatuto, a professar a perfeição evangélica no mundo e exercer o apostolado trabalhando a partir das realidades terrenas, possuem motivações e obrigações maiores no seguimento do Mestre divino, trabalhador em Nazaré.
Inspirando-se na encíclica Arcanum divinae sapientiae de Leão XIII (1810-1903), Pe. Alberione tinha organizado com Francisco Chiesa, na diocese de Alba, uma associação denominada “Sagrada Família”, cujo escopo era traduzir na prática os ensinamentos do Papa sobre a família.
Em 25 de dezembro de 1931, começava a publicação de Famiglia Cristiana, conhecido periódico de informação e formação cristã para as famílias. Quando em 1956 este periódico alcançou a tiragem de quinhentos mil exemplares, ele promoveu a consagração das famílias assinantes da revista a Maria Rainha dos Apóstolos.
Na publicação do primeiro Estatuto dos Institutos paulinos, que seria aprovado em 1960, mandou inserir ou consentiu que fossem inseridos no segundo capítulo dois artigos (13 e 14), que preveem a inscrição “à Associação [formada por três Institutos] como membros de segunda categoria, aquelas pessoas que estão ligadas por vínculo matrimonial, mas que aspiram alcançar a perfeição cristã no mundo compatível com o seu estado”, e que, portanto, “deverão observar o regulamento que o Superior Geral da Pia Sociedade de São Paulo compilará de propósito para elas”.
É interessante observar que para estes “membros de segunda categoria” se diz que “podem ser inscritos na Associação”, sem especificar a qual dos seus três ramos pertença. Evidentemente Pe. Alberione se apressa em fazer aprovar antes de tudo os três institutos por ele apresentados, pois bem sabia que seria tarefa árdua obter a aprovação de um instituto cujos membros, cônjuges, teriam professado conselhos evangélicos. Ele, de fato, capaz de “acolher na sua existência também valores novos” (HV 26), está introduzindo na Igreja a realidade da consagração também para pessoas casadas, superando o conceito que ela seja privilégio reservado unicamente aos religiosos, só porque são celibatários. Está de fato convencido da unidade harmônica entre virgindade e vida esponsal, consagração e matrimônio. Ele considera possível uma consagração especial por parte dos cônjuges, pois “si vis perfectus esse [se queres ser perfeito] – afirmava já em 1932 – vale para o homem, a mulher, o sacerdote; até mesmo são possíveis condições especiais para o casado e o secular, desde que sejam capazes de cumprir os deveres” (DF 88). Em 1954, numa meditação às Filhas de São Paulo, comunicou que os cooperadores “chegaram aos votos religiosos temporários a serem praticados em casa como se pode praticar na família” (Pregações do Primeiro Mestre, março-dezembro 1954, p. 157).

Fundação
Se Pe. Alberione mandou inserir os supracitados artigos na publicação do primeiro Estatuto, torna-se evidente, por essa inclusão, a sua vontade de iniciar também um Instituto de vida secular consagrada para casais. Este será fundado e aprovado como Instituto “Santa Família”, após a morte do Fundador.
De sua vontade expressa – estando ainda vivo – de iniciar o Instituto, os executores foram os sacerdotes Luis Zanoni (1912-1995), vice-geral e primeiro sucessor do Bem-aventurado Pe. Tiago Alberione; Estevão Atanásio Lamera (1912-1997); Fúrio Gauss, do Instituto “Jesus Sacerdote”.
De Pe. Zanoni, primeiro sucessor do Fundador, se conserva uma carta com data do Natal de 1972, dirigida ao Instituto “Santa Família”, na qual afirma que este Instituto surgiu “em 26 de novembro de 1971, dia da morte do Fundador”, precisando, porém, que se trata de “primavera”, de “inícios totalmente sobrenaturais” (Cf. Arquivo do Instituto “Santa Família”).
Após a morte de Pe. Alberione – segundo o testemunho de Pe. Gauss – no dia 15 de outubro de 1972, Pe. Lamera constituiu o primeiro grupo de noviços do Instituto “Santa Família”: oito casais e três viúvas, que em 4 de novembro de 1973, foram admitidos pelo mesmo sacerdote à primeira profissão dos conselhos evangélicos.

Pe. Ângelo De Simone, ssp.

Para informações, dirigir-se a: Delegado dos Institutos Paulinos – Via Raposo Tavares, km 18,5 – 05576-200 – São Paulo – SP
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