sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Entrevista: Pe. Spadaro e a presença da Igreja nas redes sociais

No dia 12 de dezembro de 2012, o Papa Bento XVI abria a conta twitter @Pontifex, um gesto também de reconhecimento e atenção pelas redes sociais como local de partilha de fé. A conta, com os tweets em nove línguas - superou nestes dias os 25 milhões de seguidores. Sobre a importância da presença do Papa nas redes sociais e sobre o papel que podem ter neste Ano Santo da Misericórdia, a Rádio Vaticano entrevistou o Padre Antonio Spadaro, Diretor da Civiltà Cattolica, que recentemente lançou o livro "Quando a fé se faz social":

"A primeira reflexão é que o Papa Francisco é um Papa "tátil", um Papa físico, que ama fazer carinho, que ama abraçar. De uma maneira ou de outra, justamente esta dimensão física do Papa evoca um amplo compartilhamento digital. Não existe, portanto, uma fratura entre o físico e o digital. Precisamente a sua atenção por cada pessoa, ao humano, à gestualidade, pede e estimula uma partilha digital".

RV: 25 milhões de seguidores - que crescem sempre mais - um número realmente consistente, também por alguns aspectos extraordinários, de retweet, que nos falam também de uma capacidade de inserção em um mundo que poderia ser, num primeiro momento, não considerado como afim, como o da Igreja....

"Na realidade, existe uma grande necessidade de sabedoria, existe uma grande necessidade de reflexão, e a reflexão hoje deve ser necessariamente pontual, isto é, pequena, breve, mas capaz de entrar no profundo! E às vezes basta o espaço de um tweet, de um tweet bem escrito, e o Papa fala no geral por frases bastante breves e diretas. O espaço, portanto, de um tweet, resulta não somente suficiente, mas também apropriado, para ajudar as pessoas, dentro de uma vida frenética, a refletir, a pensar. O Papa é capaz de discursos também extremamente amplos e complexos. Basta olhar, ler, as coisas que escreveu precedentemente, antes de se tornar Pontífice, até mesmo antes de ser Arcebispo. Na realidade, porém, percebeu que a sabedoria do Evangelho passa através das mensagens simples e mensagens breves, isto é, capazes de estimular uma reflexão pontual, como dizia antes. Portanto, estes retweet tocam muito. Certamente 25 milhões de seguidores são um número muito grande, que impressiona. Mas o dado que deveria fazer refletir mais é a vontade de compartilhar as palavras do Papa. E nisto - devo dizer - é um líder mundial, isto é, as coisas que o Papa diz são retransmitidas, são portanto compartilhadas dentro das redes sociais, que depois, são normalmente redes de amizade. E não somente as palavras do Papa. Vemos que existe um grande compartilhamento das imagens, portanto, dos gestos que o Papa realiza. Este mundo de compartilhamento digital entrou poderosamente dentro da Igreja e tem um significado muito bonito".

RV: Justamente há 20 anos, por vontade de São João Paulo II, nascia o Vatican.va, e o Vaticano, assim, entrava na Internet, mesmo antes de muitas instituições italianas. Agora estamos, precisamente, aprofundando uma reflexão sobre o Twitter, e portanto, sobre Bento XVI e o Papa Francisco. O que os fieis podem aprender desta coragem profética dos Papas em relação às novas tecnologias?

"Certamente uma reflexão a ser feita diz respeito ao motivo pelo qual a Igreja está na rede. A missão da Igreja, a vocação mesma, se quisermos, da Igreja é a de estar onde as pessoas estão. E hoje as pessoas estão também em rede. Portanto, a Igreja deve, por missão, estar na rede. Esta é a reflexão que, me parece, seja a mais interessante: ser, isto é, encarnados. Se é encarnado também entrando na rede, porque a rede não é um lugar frio, tecnológico, álgido, como alguns imaginam, feito de cabos, computador e máquinas. Não, na realidade é um lugar muito acolhedor, onde as pessoas hoje exprimem necessidades, anseios também de caráter religioso".

RV: Uma de suas últimas publicações tem por título "Quando a fé se faz social". Este Jubileu da Misericórdia é também o primeiro Ano Santo na era das redes sociais. O que elas podem dar, qual contribuição podem oferecer a esta experiência do Jubileu da Misericórdia?

"O desafio, hoje, neste Jubileu em particular, não é o de usar a rede para difundir uma mensagem como se fosse de alguma forma um instrumento. A rede não é um instrumento: é um ambiente, um ambiente de vida, onde se partilha a própria experiência! Assim, o que me parece importante neste Jubileu, por exemplo, é compartilhar experiência de misericórdia, compartilhar a palavra chave na rede. É certo, a fé se faz social, se faz social porque é capaz de dar um testemunho, de produzir um testemunho, e hoje um testemunho se compartilha e se compartilha também no social.

(Fonte> Rádio Vaticano)

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