terça-feira, 23 de outubro de 2012

A "graça da confirmação" (24)

É  provável, que a “graça de confirmação” tenha acontecido durante o verão de 1921, isto é, no início da mudança para a nova casa, fato que podia despertar a atenção ameaçadora dos socialistas ou dos fascistas, partes integrantes daquele “conjunto de circunstâncias” que faziam Pe. Alberione temer.

Revelando-se a Pe. Alberione e à sua nascente família religiosa, o Divino Mestre imprimiu o selo do irresistível beneplácito de Deus sobre a Casa: “Nem os socialistas, nem os fascistas, nem o mundo, nem, num momento de pânico, as exigências dos credores, nem o naufrágio, nem satanás, nem as paixões, nem a vossa insuficiência em tudo... mas assegurai-vos de me deixar ficar convosco, não me afasteis com o pecado. Eu estou convosco, isto é, com a vossa família, que eu quis, que é minha, que alimento, da qual faço parte, como cabeça. Não hesiteis! Mesmo que sejam muitas as dificuldades; mas que eu possa estar sempre convosco! Nada de pecados” (ADds 156).

OBRA DE DEUS
Essa “graça de confirmação” ilumina as comprometedoras afirmações do número do U.C.B.S. de julho de 1921, dedicado a tornar conhecidas a importância e a necessidade do apostolado da Boa Imprensa. Este constitui um documento memorável para conhecer os inícios da Família Paulina e publica algumas das mais belas páginas escritas sobre o novo apostolado.
O número abre-se com um título solene: “OBRA DE DEUS. A casa da Escola Tipográfica de Alba”, que manifesta o verdadeiro projeto de Pe. Alberione: “Agora se inicia”:

 “A Escola Tipográfica de Alba foi aberta há sete anos, em agosto de 1914. Este foi todo um período de preparação, de aprendizagem, um tirocínio.
 Mas esta matéria que constitui as máquinas é obra de Deus, e é trabalhada pela maravilhosa genialidade do homem a quem o Criador a confiou. Estas máquinas maravilhosas se tornam queridas e venerandas, como sacro e venerando é o púlpito para o orador sacro. São Paulo, naquele monumento de ciência e de caridade elevado diante dos séculos, a sua carta aos Romanos, exclama: a fé nasce da escuta e da escuta do evangelho: como são belos os passos daqueles que anunciam a paz, anunciam a felicidade!
Como são belas as máquinas destinadas aos que anunciam o bem. O apóstolo da boa imprensa, diante das máquinas, sente algo mais profundo ainda que São Francisco quando sentia brotar da alma o hino ao irmão sol.
O pensamento do apóstolo passa à máquina que o materializa numa folha de papel que é quase viva, porque contém verdades eternas, alimento espiritual que nutrirá um número infinito de leitores: não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. A divina sabedoria alimentou com a sua divina palavra o coração e a alma do apóstolo que a meditou nas divinas Escrituras; da sua alma passou a ganhar consistência, a encarnar-se, a materializar-se através do cadinho, dos moldes, das engrenagens, dos plateaux de uma máquina; saiu com um corpo de papel; esta se tornará o pensamento de outros homens, de outras almas; cruzará os mares, atravessará as montanhas; irmanará os sentimentos, as idéias de duas almas que nunca se viram, o escritor e o leitor; cristão o escritor, cristão o leitor.

A verdade divina ilumina o mundo, o reino de Jesus Cristo, conquista novas mentes, novos espíritos, novos corações. O missionário da boa imprensa ama a sua máquina, quer que ela seja bonita, moderna, rapidíssima, a tal ponto que chegue a ultrapassar na corrida a imprensa má; ama a sua pequena igreja, conserva-a limpa e em ordem; sonha com ela sempre em atividade, emitindo sempre a boa palavra. Quereria ser sempre encontrado sobre o pedal da minha máquina. Os santos são figurados tendo na mão os instrumentos, os símbolos, os emblemas da própria santificação: eu, diz o apóstolo da imprensa, quereria ser retratado com a pena e o tinteiro, ou de pé, ao lado da máquina funcionando. Como, de fato, retratar de outro modo numa tela o pensamento daquela mente impressionante de Tertuliano: virá o dia em que a tinta dos escritores valerá tanto quanto o sangue dos mártires. Os mártires mostram as espadas, as fogueiras, as grelhas, as cruzes, as feras... E como se nos apresentam muitos santos?
São Paulo é figurado tendo na mão o livro das suas cartas; Santo Tomás tem entre os dedos a pena; Domingos Sávio tem na mão direita o papel; os evangelistas no gesto de escrever no pergaminho o que lhes inspirava o Espírito da verdade; São Francisco de Sales tem ao lado as obras pelas quais foi declarado doutor da devoção; São Gregório Magno é figurado no  gesto de compor o seu livro Morali; São João Berchmans estreita sobre o seu peito o livro das regras longamente meditado” (Unione Cooperatori  Buona Stampa, ano IV, n. 5, 15 de julho de 1923, pp. 5-6).

Deus faz tudoCompreendeu-se um pouco que somente Deus faz tudo e que infalivelmente fará, se se buscar o reino de Deus e a sua graça: estão já bastante preparados os mestres de ciência e de arte; são verdadeiras e numerosas as vocações que o Senhor envia em proporção às necessidades... etc. Agora se deve, portanto, começar.

Seções masculina e femininaA casa assume o seu verdadeiro nome ‘Pia Sociedade de São Paulo’, abandonando pouco a pouco o da preparação, e por isso se constituíram as duas seções, masculina e feminina, tendo cada uma delas quem se dedica ao trabalho e quem ao trabalho une o estudo; por isso, dá-se a conhecer o esboço do regulamento para aqueles aos quais interessa”.
Fonte: DFin 102-103

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